Mais leitura = Menos ignorância

28-07-2024

Se alguém é visita mais ou menos regular dos grupos de professores, nas diversas redes sociais, já se apercebeu que há sérias razões para nos preocuparmos com os níveis de iliteracia (dizer "analfabetismo funcional" poderá parecer pouco politicamente correto…) de numerosos autores de publicações e comentários que aí aparecem.

Como é possível que tantos professores revelem tamanha ignorância/desconhecimento das informações e da legislação que regulamenta a sua profissão? Ah, sim, já sabemos que muitos professores não são grandes apreciadores da leitura de legislação, cuja linguagem, frequentemente hermética, pode suscitar algumas dúvidas de interpretação. Mas a verdade é que não estamos a falar de uma classe com a escolaridade mínima e sim de bacharéis, licenciados ou mestres e é relativamente fácil distinguir alguém tem uma dúvida de interpretação de alguém que não leu ou não conseguiu interpretar o que leu, ainda que se tratasse de um texto acessível. Perguntas como "Alguém sabe quando termina o concurso?" ou "Que documentos temos de apresentar?" são reveladoras de quem não leu notas informativas ou avisos de abertura, onde essas informações são dadas de forma clara. Perguntas como "O que é para colocar nesta parte da candidatura?" mostram que não houve leitura do manual de instruções – até porque, quase sempre se funciona como quando se compra um eletrodoméstico: primeiro, põe-se a funcionar e só se houver algum problema de funcionamento é que se lê as instruções.

Nesses grupos, se há gente capaz de responder a essas questões, é certamente porque se deu ao trabalho de ler e interpretar a documentação disponibilizada e, nota-se claramente, a estes já lhes vai faltando a paciência para quem, por pura preguiça e pela possibilidade de conseguirem respostas de forma fácil, considera que o melhor é perguntar a quem leu. Daí o sarcasmo que começa a ser recorrente nas respostas dadas por alguns participantes que se deram ao trabalho de ler, o que provoca um sem número de queixas sobre falta de empatia, de solidariedade, ou, pior ainda, comentários como "Você deve ter a mania que é superior aos outros" ou "E é você professor? Se sabe, por que não ajuda? Grande exemplo para os seus alunos…". Lá diz um provérbio africano: "O macaco nunca vê o seu rabo." Pior ainda, quando se nota, pelos vários comentários, as situações de um cego, convicto de que vê com a maior clareza, a guiar outro cego e a levá-lo por caminhos errados.

Preguiça e facilitismo são justamente o contrário do que um professor deve transmitir aos seus alunos. Será que um professor aplaude os alunos que copiaram o trabalho de casa ou qualquer outro trabalho por aqueles que investiram parte do seu tempo na sua realização? Não é frequente ouvir-se do professor, quando algum aluno pergunta "Aqui, é para responder o quê?", a resposta "Lê a pergunta com atenção."? Felizmente, os alunos têm mais que fazer do que visitar os grupos dos professores, nas redes sociais, pois, se o fizessem, a réstia de respeito que ainda têm pela figura do professor iria certamente pelo cano abaixo.

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