O Pedro quer[ia]...

Talvez por ter nascido no ano em que o Muro de Berlim foi derrubado e por ter sido educado numa família que se caracteriza por ter lutado pelos direitos humanos e pela democracia, o Pedro é um jovem que, desde cedo, aprendeu a respeitar direitos e cumprir deveres.
Por isso, para o Pedro, nada teve de surpreendente que a sua amiga Carla, por ocasião de uma gravidez indesejada, a tivesse interrompido, com base no direito a dispor do seu corpo e a optar pela interrupção, protegida pela Lei n.º 16/2007. Do mesmo modo, para o Pedro, foi óbvio que o João, seu melhor amigo de infância, tivesse, tal como preconizado no Código Civil Português, de assumir a paternidade de uma criança, fruto de um relacionamento casual, cuja mãe não quis abortar, apesar de o João lhe ter dito, mal soube da gravidez, que não queria ser pai.
O Pedro soube ontem que Teresa, sua namorada, está grávida de seis semanas e que não pretende ter a criança. O que o Pedro agora não compreende e tem dificuldades em aceitar é que, a ele, a Constituição Portuguesa (que é suposto garantir direitos iguais) e outras leis (entre as quais, a que o obrigaria a assumir uma paternidade que ele não desejasse) não acautelem um dos seus direitos. É que, apesar dos direitos da Teresa, o Pedro quer[ia] ter o direito de ser pai...