Vagas a menos? Professores a mais? 

Esta semana, em diversos órgãos de comunicação social, têm vindo a público diversas notícias acerca de alegadas falhas na colocação de professores, em resultado dos concursos interno e  externo. Nas redes sociais, mais concretamente em diversos grupos de professores, multiplicam-se as queixas de quem ficou colocado e agora se vê obrigado a concorrer ao concurso de mobilidade interna, por ter sido notificado de que a escola onde obteve colocação não tem componente letiva para lhe atribuir.

O procedimento da mobilidade interna não é novidade nenhuma: existe há vários anos. A novidade, aqui, prende-se essencialmente com o número de candidatos que estão a ser notificados para se apresentarem a este concurso. Contudo, até isso pode ser explicado pelo elevado número de candidatos que foram opositores aos concursos interno e externo: mais de 76 mil candidaturas submetidas, entre docentes de quadro e docentes contratados! Aliado a este número, surge igualmente o número de vagas abertas pela Portaria n.º 110-A/2024/1, que, mal foi publicada, suscitou de imediato alertas de muitos diretores de escolas que referiam não ter todas aquelas vagas.

A aplicação informática destinada ao concurso teve, obrigatoriamente, de ser programada com o número de vagas definido na portaria, não havendo candidato colocado em vaga que nela não estivesse contemplada ou que não resultasse da movimentação de um docente de quadro para uma dessas vagas, libertando uma que não estava contemplada. Logo, se quisermos ser justos, teremos de admitir que a falha não reside no concurso ou na forma como foram efetuadas as colocações, mas (a existir...) no número de vagas definido na portaria.

Lamentavelmente, quem faz as notícias parece esquecer-se de referir os vários lados das questões e, frequentemente, não faz a pesquisa necessária que evitaria que apenas um dos lados fosse mostrado, revestindo a informação de uma parcialidade a que o texto jornalístico deveria ser imune.